O pouco que resta da mata ciliar do igarapé pacuquara-Apeú-Castanhal/PA Foto Vânia Carvalho |
Apenas o veto
integral evitará o maior retrocesso da legislação ambiental brasileira
Essa
semana encerra o prazo constitucional que a presidente Dilma Rousseff possui
para decidir o futuro do Código Florestal brasileiro. O projeto enviado pelo
Congresso ao Planalto não atende a princípios elementares de sustentabilidade
socioambiental e nem aos anseios da ampla maioria do povo.
Além
disso, sua sanção pode significar um empecilho para a produção rural, devido
suscitar insegurança jurídica e ampliar impactos negativos das mudanças
climáticas, o que poderia afetar os índices de produtividade. Por isso, o
projeto deve ser vetado integralmente, visto que, vetos parciais não afastariam
o grave perigo.
A
sociedade brasileira se engajou fortemente e a campanha popular "Veta
Tudo, Dilma!" se transformou em fenômeno social no país. O movimento foi iniciativa
do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, que
reúne cerca de 200 entidades da sociedade civil.
O
envolvimento de todas e todos que participaram de alguma forma dos muitos
apelos feitos ao Congresso Nacional e à presidente Dilma, sejam nas redes
sociais da internet, nas assinaturas ou nas ruas ocupadas pelo movimento de
Norte a Sul do Brasil, significam uma forte sinalização que a sociedade não
aceitará outros ataques programados, como redução de Unidades de Conservação,
Territórios Indígenas e fragilização da agricultura familiar. Quem participou
da campanha do Veto está de parabéns e convidado a continuar lutando, pois a
batalha é longa e nossa disposição de vitória é maior ainda.
Apesar
da dimensão que adquiriu a campanha popular, com cerca de 2,5 milhões de
assinaturas em defesa do veto e ações de rua em todo o Brasil, a coordenação
nacional da campanha (Comitê Brasil) não foi recebida pela presidente Dilma
Rousseff, apesar das inúmeras solicitações de audiência realizadas.
Preocupa-nos
o fato da presidente ter recebido a líder ruralista no dia seguinte do envio
oficial do projeto ao Palácio do Planalto, tratamento diferente do dispensado a
agricultores familiares, extrativistas, pescadores, estudantes, sindicalistas,
religiosos, ambientalistas e demais integrantes da campanha nacional pelo Veto,
que não foram recebidos pela presidente.
Diante
das graves ameaças contra a integridade ecológica de todos os biomas
brasileiros, reforçamos o apoio do Comitê Brasil para que a presidente Dilma
vete integralmente o projeto. Seria uma sinalização antipedagógica altamente
negativa anistiar crimes ambientais, o que possibilitaria novos desmatamentos e
desmoralizaria as políticas de comando e controle.
Vetos
parciais não resolvem, pois os problemas de remissões entre os dispositivos do
projeto são insanáveis pontualmente. A própria presidente Dilma firmou
compromisso em não aceitar anistia e permitir novos desmatamentos, o que
somente será evitado com o veto integral.
As
florestas brasileiras levaram milhões de anos para se formar, entretanto, uma
assinatura errada pode destruí-las em poucos segundos. Apelamos para que a
presidente Dilma não ponha em risco, além da natureza, sua própria
credibilidade. Um Brasil desenvolvido e com potencial de futuro quer dizer um
Brasil com florestas e que respeita o seu povo. Diante disso, pedimos: veta
tudo, Dilma, que o Brasil apóia.
Brasília-DF, 23 de maio de 2012
Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do
Desenvolvimento SustentávelEnviado por
Adital
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