terça-feira, 30 de julho de 2013

EUA: 93% querem rotulagem de transgênicos


Informação interessante para quem acredita que o povo americano não liga para a qualidade ou origem dos alimentos:

Pesquisa de opinião realizada pelo jornal New York Times mostrou que 93% dos entrevistados defendem que produtos contendo transgênicos sejam identificados.

Segundo o levantamento , três quartos dos estadunidenses revelaram-se preocupado
s com a presença de organismos transgênicos em sua alimentação, estando sua maior parte preocupada com efeitos sobre a saúde tais como câncer e alergias. 13% apontaram receios relativos a problemas ambientais que podem estar sendo causados pelos transgênicos.

Cerca de metade da pessoas ouvidas disseram estar conscientes do fato de que a maior parte dos alimentos processados contém ingredientes transgênicos. Embora derivados de milho e soja representem quase a totalidade da produção de transgênicos, 4 de cada 10 entrevistados afirmaram imaginar que a maioria ou pelo menos muitas das frutas e legumes no mercado já fossem geneticamente modificados.

A rejeição ao consumo de carne derivada de animais transgênicos ficou na ordem dos 75% para o pescado e 67% para carne de qualquer animal modificado.

Com informações de Strong Support for Labeling Modified Foods, por Allison Kopicki, New York Times, 27/07/2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

Reforma Agrária: o lado produtivo e o ambiental


Novo estudo da ONU aponta vantagens contemporâneas da pequena propriedade — tanto na produção de alimentos quanto na regulação dos climas e garantia da biodiversidade
Por Ignacy Sachs, na Página22
O Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Ifad, na sigla em inglês) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) juntaram esforços para produzir um relatório da maior importância sobre os pequenos produtores rurais, a segurança alimentar e o meio ambiente. Intitula-se Smallholders, Food Security and the Environment. Lembremos que, no mundo de hoje, cerca de 2,5 bilhões de pessoas estão envolvidas em tempo integral ou parcial na agricultura, administrando 500 milhões de pequenas propriedades rurais – das quais 80% estão na mão de pequenos agricultores, e respondem por mais de quatro quintos de alimentos consumidos nos países em desenvolvimento.
Daí a importância de assegurar o bom funcionamento dos ecossistemas do qual depende a produtividade desta agricultura de pequeno porte. Tanto mais que, nos próximos decênios, a demanda das populações urbanas por alimentos continuará a crescer, colocando, ainda mais que no passado, os pequenos agricultores na linha de frente das transformações da agricultura mundial.
Em que pesem os progressos da Revolução Verde e da expansão da área cultivada, o acesso adequado aos alimentos não é facultado, hoje em dia, a todos: 1,4 bilhão de pobres sobrevivem (mal) com uma renda inferior a US$ 1,25 por dia, incluindo 1 bilhão que mora nas zonas rurais, esforçando-se por tirar um parco sustento do cultivo da terra.
O escândalo é tanto maior que a cultura do desperdício, difundida no mundo, é responsável pela perda de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano, como lembrou recentemente, em audiência com o papa, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva.
No entanto, o relatório do Ifad, citado acima, transmite uma mensagem fundamentalmente otimista: “Com a sua imensa experiência coletiva e o conhecimento íntimo das condições locais, os pequenos produtores detêm muitas das soluções práticas que podem ajudar a colocar a agricultura num patamar mais sustentável e equitativo”.
Compartilho desse otimismo. Contudo, para avançar nesta direção, faz-se necessário superar as falhas do mercado e os outros desincentivos para o uso sustentável dos solos. Por quanto tempo continuaremos a postergar o debate sobre as indispensáveis reformas agrárias, não só no que diz respeito ao Brasil?
Por outro lado, não temos o direito de subestimar os estragos trazidos por uma agricultura pouco atenta às questões ambientais, e que privilegia os resultados imediatos sem pensar em incidências ambientais a longo prazo das tecnologias aplicadas.
Tampouco podemos nos omitir na questão difícil de como incentivar os pequenos agricultores a investir simultaneamente nos aumentos da produção imediata e na sustentabilidade a longo prazo, sabendo que esta última requer conservação de solos e de água, moderação no uso de adubos e o esverdeamento das cadeias de abastecimento.
A FAO tem razão em insistir sobre a necessidade de modernizar os serviços de extensão rural, lançando mão, por exemplo, de cursos práticos de agronomia e servindo-se de rádios locais para difundir os conhecimentos indispensáveis aos pequenos produtores. O desafio maior consiste, no entanto, na gestão coordenada das paisagens, de modo a proporcionar às populações rurais estilos de vida sustentáveis, bem adaptados às condições locais.
As paisagens agrícolas não se limitam a produzir alimentos. Elas desempenham ao mesmo tempo vários serviços, tais como a regulação de climas e a conservação da biodiversidade. Daí a importância do conceito da “agricultura plurifuncional” e da quantificação dos benefícios dela oriundos, por um lado, para os pequenos produtores e, por outro, para as economias nacionais.
Para avançar nessa direção, podemos nos valer da metodologia proposta no estudo sobre a economia dos ecossistemas e a biodiversidade, conhecido pelo acrônimo Teeb (The Economics of Ecosystems and Biodiversity), atualmente sob a responsabilidade do Pnuma, com a colaboração da Comissão Europeia, das Nações Unidas, da Alemanha e da Grã-Bretanha. (mais em Artigo).
A mensagem central do relatório que serve de base a este artigo é a de que os pequenos agricultores vivendo nos diferentes ecossistemas detêm uma das chaves da transformação futura do mundo. Para que sejam bem-sucedidos nesta tarefa e possam aproveitar os conhecimentos práticos por eles acumulados ao longo dos séculos, faz-se necessário superar os obstáculos institucionais representados por estruturas fundiárias obsoletas, dominadas pela grande propriedade.
E, claro, não podemos nos omitir a recolocar mais uma vez no centro do debate, como já foi dito, a questão da reforma agrária. À FAO e às comissões regionais das Nações Unidas cabem uma responsabilidade e um belo desafio a este respeito: um estudo comparativo e crítico das reformas realizadas no passado, seus avanços e retrocessos.
Ignacy Sachs é ecossocioeconomista da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sistemas Agroflorestais no Trairão-riqueza do oeste paraense

Visita a experiência apoiada pelo Fundo Dema em 2005, o projeto "Reflorestamento de Áreas da Produção familiar", da Associação dos Agricultores Familiares do Batata (ASAFAB), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Trairão, Associação de Moradores Bom Jesus com a parceria da CEPLAC e do IPAM.



O projeto está nas proximidades da FlorestaNacional do Trairão.
Uma riqueza do Oeste Paraense.....


Com o projeto foram implantados 13 sistemas agroflorestais (SAFs) e agroecológicos, nos sítios das famílias envolvidas, melhorando a rendae recuperando a qualidade ambiental da comunidade da Batata. Foram plantadas espécies florestais e de frutíferas nativas da Amazônia

As famílias vivem da criação de pequenos animais (galinhas, porcos), fruticultura, pequena pecuária. Segundo a coordenadora da ASAFAB, as famílias são muito unidas, com realização periódica de festas, com aparticipação da escola e da Igreja.

A produção de cacau precisa de reforço - a vassoura de bruxa ameaçando


Produção de melancia...




Coco Babaçu-a comunidade planeja aproveitar o fruto para fabricação de óleo e sabonetes.

As dificuldades ainda são muitas no ramal do batata: dificuldades na manutenção de pontes e ramais
"Aqui não tem luz nem água encanada e o poço seca no verão...a gente lava roupa no igarapé" disse a coordenadora da ASAFAB. 



Bela região, cobiçada por madeireiros...

FotosVânia Carvalho - Fase Amazônia-Fundo Dema
Esta atividade teve o apoio daComissãoPastoral da Terra de Itaituba

domingo, 21 de julho de 2013

A soja se espalha também no Maranhão




Concentrada no Sul Maranhense a soja avança impunemente.... 

                                                                          Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 

Governo do Maranhão providencia infraestrutura para a soja

Segundo a Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias a  governadora do Maranhão, Roseana Sarney, assinou em maio de 2013, o edital de licitação para construção do Complexo do Anel da Soja, que será um circuito rodoviário de interligação da região de Balsas, principal produtor de soja estado. Entre as rodovias que integram o projeto de pavimentação na região do grande centro produtor de grãos do sul do Maranhão estão as BRs 324 e 010.

Vejam os principais municípios produtores de

 soja no Maranhão , 2000 a 2011-Toneladas



                             Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal





Monocultivos de soja – pressão constante sobre a floresta no Baixo Amazonas




Queimada para se livrar da matéria orgânica do desmatamento

A ampliação de monocultivos de soja em Santarém e Belterra é visível e aterradora. Nos ramais que cortam a BR 163 espalham-se grandes extensões de novas terras desmatadas com plantios de grãos transgênicos para exportação com uso intensivo de insumos químicos e agrotóxicos.

 As poucas grandes árvores poupadas testemunham que ali existia uma floresta.



As estatísticas da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a ampliação da área plantada e quantidade produzida de soja no Pará, concentrada no Sudeste Paraense e no BaixoAmazonas.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 

A soja começou a se ampliar no Pará pelo BaixoAmazonas, a partir de 2002, com os municípios de Santarém e Belterra. Depois se ampliou para o Sudeste Paraense suplantando o BaixoAmazonas a partir de 2005.A partir de 2008, Ulianópolis passa a ser o principal produtor paraense, seguido por Santarém, Santana do Araguaia, Paragominas, Dom Eliseu e Belterra. No ultimoregistro de 2011 foram quase 30 mil hectares de área de soja no BaixoAmazonas e no Pará chegou a mais de 106 mil hectares para quase 300 mil toneladas. Umprocesso "em miniatura", semelhante ao que acontece no Mato Grosso: destruição do meio ambiente, êxodo rural e pouca riqueza pra região.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 
  
Paragominas tem a maior área plantada com soja no Pará
Discretamente a soja se expandiu no município de Paragominas, que recebeu o titulo de “município verde”. Em área plantada, Paragominas desponta e se diferencia dos demais municípios atingindo quase 40 mil hectares com o grão em 2011.
                   
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 

A floresta está cada vez mais no horizonte....

Muitas áreas desertas, sem casas, 
sem gente, sem bicho, sem mato....

Agricultores familiares e moradores da beira da BR 163, vizinhos dos monocultivos, reclamam do agrotóxico e associam o veneno usado na soja, ao aumento de insetos, queda na produtividade da lavoura, alergias. Mas as pessoas tem medo. Na região já ocorreram muitos conflitos, ameaças e agressões contra ambientalistas e lideranças sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais que criticam e denunciam a expansão destruidora das monoculturas de grãos na região.

Porto da Cargill e BR 163 - infraestrutura para o agronegócio

Para qualquer visitante fica claro que os principais investimentos produtivos na região de Santarém e BR 163 estão ligados a produção de monocultivos de grãos. Pela Rodovia BR 163 percorrem principalmente caminhões de grãos vindos do Mato Grosso para o Porto da multinacional Cargill.
A presença deste porto graneleiro da Cargill em Santarém, instalado ilegalmente em 2003, sem estudos de impacto ambiental e sem debater com a sociedade, com apoio dos governos e políticos locais, regionais e nacionais, da esquerda pra direita, representa o poder do agronegócio exportador cujo modelo concentrador, agroquímico poluente e empobrecedor da fauna, flora, numa das regiões ainda mais ricas do Pará, nunca foi contestado com firmeza. Pelo contrário, foram os governos que permitiram a instalação da multinacional de forma irregular. Apesar das diversas manifestações e denúncias dos movimentos sociais da região, de trabalhadores e trabalhadoras rurais, pescadores/as, organizações de mulheres, ambientalistas, religiosos, cientistas, a sociedade não foi ouvida.
Atualmente, apesar da queda do preço do milho e da soja, o Porto está utilizando o máximo de sua capacidade, tem soja e milho pra todo lado vindos do Mato Grosso e dos campos vazios de Santarém e Belterra. E já se discute em escoar os grãos por outras paragens....Não é novidade aqui na Amazônia o que a multinacional Cargill vai deixar pros Santarenos, solo arrasado, poluído por agrotóxicos, grãos transgênicos contaminando a produção de sementes crioulas, a insegurança alimentar com a expulsão de agricultores familiares, destruição de quintais diversificados.....

Enquanto isso, nas vilas agrícolas, projetos de assentamento, de comunidades da agricultura familiar, dificuldades de transporte, com ramais e pontes intrafegáveis, é paisagem constante.


Mas os/as agroextrativistas resistem bravamente...
Com sua forma saudável e diversificada de produzir...apesar das dificuldades...
Reflorestamento e fruticultura

Coleta da laranja 

Criação de abelha sem ferrão
Aumento da produtividade das frutíferas




E mais um dia nasce na Pérola do Tapajós...



Fotos e texto: Vânia Carvalho

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Riquezas de Santarém-Pará, julho 2013


Vitória Régia, bela recepção na comunidade do Laranjal (Santarém)



No Laranjal-mistura de fruticultura, criação de abelhas sem ferrão, criação de pequenos animais, pequena pecuária, produção de farinha de mandioca, pesca, turismo....

Descascando a mandioca entre parentes e vizinhas - trabalho realizado principalmente por mulheres e crianças



plantio da mandioca

Esta é uma cuieira. Pega de galho e sementes. Muito usada como utensílio doméstico, no artesanato, como instrumento musical...Em algumas áreas do Pará e da região foram dizimadas pelas monoculturas de soja, milho. Estão presentes nos quintais dos sítios da agricultura familiar, geralmente plantadas pelas mulheres.....

A meliponicultura, arte da criação de abelhas melíponas, sem ferrão, também conhecidas por abelhas nativas ou indígenas, praticada há muito tempo pelos povos nativos da América, tem se propagado nos sítios da Comunidade Laranjal, principalmente a partir de 2009,com o projeto de criação de abelhas  apoiado pelo Fundo Dema. 
melípona "guardiã"

O apoio do Fundo Dema foi pequeno (5,62 mil Reais) mas o projeto teve parceria  entre a Associação Comunitária do Laranjal (ASCOL), o Movimento dos pescadores do Oeste do pará e   BaixoAmazonas e o IPAM/Santarém. 

Agricultores/as dizem que a criação de abelhas melhorou a produtividade das frutíferas.


cuidando das caixas de abelhas - limpeza periódica

coleta de laranja





Fotos: Vânia Carvalho-Fase-Fundo Dema