sábado, 28 de abril de 2012

Excesso de agrotóxicos nas lavouras do país preocupa especialistas

 Autor: divulgação

Rio de Janeiro - O uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras preocupa cada vez mais especialistas da área de saúde. A aplicação de substâncias químicas para controlar pragas nas plantações e aumentar a produtividade da terra acaba se tornando um problema para os trabalhadores rurais e consumidores.
Para alertar a população e chamar a atenção das autoridades sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde dos brasileiros, o Grupo de Trabalho de Saúde e Ambiente, da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com outras instituições, lança hoje (27), durante o Congresso Mundial de Nutrição, no Rio de Janeiro, um dossiê reunindo diversos estudos sobre o tema. O documento também será apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho no Rio.
De acordo com o professor Fernando Ferreira Carneiro, chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e um dos responsáveis pelo dossiê, as pesquisas indicam que o uso dos agrotóxicos ocorre no país de forma descontrolada.
“O Brasil reforça o papel de maior consumidor mundial de agrotóxicos e nós, que fazemos pesquisas relacionadas ao tema, vemos que o movimento político é para liberalizar o uso. A ideia desse dossiê é alertar a sociedade sobre os impactos do consumo massivo, sistematizando o que já existe de conhecimento científico acumulado”, disse.
Um dos estudos que fazem parte do dossiê foi desenvolvido pelo médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Vanderlei Pignatti. Ele conduziu análises ambientais e examinou a urina e o sangue de professores e moradores das áreas rurais e urbanas das cidades de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, em Mato Grosso. Os municípios estão entre os principais produtores de grãos do estado.
“Observamos resíduos de vários tipos de agrotóxicos na água consumida pelos alunos e pelos professores, na chuva, no ar e até em animais. Além disso, essas substâncias foram encontradas no sangue e na urina dessas pessoas. A poluição ambiental é elevada e as pessoas ficam ainda mais suscetíveis à contaminação porque não são respeitados os limites legais para pulverização dos agrotóxicos, que são de 500 metros no caso de pulverização aérea e de 300 metros para a pulverização terrestre”, explicou.
Outro estudo do professor Pignatti já havia encontrado resíduos de agrotóxicos no leite materno de moradoras de Lucas do Rio Verde. Foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres, três da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010, e a presença dos resíduos foi detectada em todas elas.
Vanderlei Pignatti lembrou que diversas pesquisas também indicam aumento na incidência de doenças como má-formação genética, câncer e problemas respiratórios, especialmente em crianças com menos de cinco anos de idade.
Por: Thais Leitão- Repórter da Agência Brasil
Enviadopor Edmilson Pinheiro - Fórum Carajás

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Semeando a Agroecologia nos quintais da cidade

Em pequenos potes, na laje da casa e até mesmo na escola, o aproveitamento de espaços na cidade para cultivar alimentos de forma agroecológica, resgata práticas culturais relacionadas à agricultura e à saúde, gera renda para as famílias e estimula práticas comunitárias de partilha de conhecimentos. O Projeto Semeando Agroecologia, com o patrocínio da Petrobrás, por meio do programa Petrobrás Desenvolvimento e Cidadania, busca fortalecer a Rede de Agricultura Urbana do Rio de Janeiro incentivando o intercâmbio e a difusão de experiências de agricultura na cidade.
De onde vem a comida que comemos?
Ao tentar responder essa pergunta, logo vem à mente dos moradores das grandes cidades a imagem de caminhões repletos de caixas de frutas, legumes e verduras, vindos do interior. Os alimentos são descarregados nos centros de abastecimento como a Ceasa do Rio de Janeiro, para depois chegar aos mercados e feiras-livres. Por que a nossa comida deve vir de tão longe? Por que nas cidades os espaços de tornaram menores, mais construídos e mais cimentados. Prioriza-se a circulação de veículos e a construção de edificações. Cresce o comércio e molda-se a paisagem urbana. O morador da cidade não é aquele que cultiva a terra para obter seu sustento, mas compra seus alimentos.
No entanto, a intensa urbanização das cidades brasileiras não sufocou as práticas agrícolas; antes disso, trouxe agricultores e agricultoras de diferentes regiões do país para morar nos centros urbanos. A população de origem rural que reside nas cidades preserva práticas culturais e, muitas delas, ainda cultivam seus alimentos, plantas medicinais ou criam pequenos animais para reprodução de tradições alimentares e de sociabilidade dos seus locais de origem nos espaços intraurbanos.
A Rede de Agricultura Urbana
Com o objetivo de resgatar e fortalecer estas práticas, o Programa de Agricultura Urbana da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia vem, desde 1999, estimulando o cultivo de alimentos e plantas medicinais nos quintais da Zona Oeste do Rio de Janeiro, promovendo a agricultura urbana por meio da troca de experiências entre pessoas e organizações. Os Encontros de Experiências de Agricultura e Saúde na Cidade, realizados em 2005, 2007 e 2009 ajudaram a fortalecer os laços entre as pessoas e a encorpar o debate sobre a prática da agricultura nas cidades. Durante o último Encontro foi fortalecida uma rede de iniciativas, chamada Rede de Agricultura Urbana, reunindo pessoas e organizações para debater e praticar agricultura nos espaços urbanos, incentivando o cultivo de alimentos saudáveis, valorizando os conhecimentos relacionados à agricultura e saúde e o aproveitamento dos recursos locais. A Rede se encontra uma vez ao mês, para trocar experiências e debater questões relevantes nos locais onde se pratica agricultura urbana.
Dona Cleonice e Dona Varlene fazem parte desta Rede através da Congregação Servas de Maria e desenvolvem, desde 2011, um trabalho com jovens estudantes do CIEP Togo Renan em Campo Grande. Em uma parceria com a escola, o projeto está implementando uma horta com os alunos nos períodos em que eles não estão em sala de aula. Segundo Cleonice, ou Cleo como é chamada por todos, o objetivo da Casa de Projetos da Congregação Servas de Maria é levar para a escola um projeto de melhoria da alimentação dos jovens através do cultivo e consumo de alimentos saudáveis. “Nós já plantamos couve, tomate, salsa, mostarda, aipim, batata doce e abóbora. Nós fazemos sucos diferentes como de inhame com morango, limão com capim limão, para os meninos provarem outros sabores não convencionais.”
A horta da escola conta com o apoio da equipe técnica do Projeto Semeando Agroecologia, que já está organizando uma oficina de compostagem com os jovens, suas famílias e os professores da escola para ajudar na implantação de um sistema de coleta e processamento do lixo cru produzido na escola para a produção de adubo para a horta. A professora de Ciências, Carolina, também ficou animada com a horta da escola e aposta que pode utilizar o espaço para fazer aulas práticas: “Um minhocário seria muito bom para trabalhar alguns conteúdos de sala de aula e o trabalho na horta pode complementar o nosso currículo escolar.
Os alunos são bastante animados, trazem mudas e sementes e levam outras para suas casas. Maycon Gomes do 7° ano do ensino fundamental, conta animado que levou algumas mudas para a sua casa e como não tinha espaço para plantar, reutilizou uma caixa de isopor para fazer um canteiro: “Minha mãe foi contra no início, mas a professora Cleo foi conversar com ela e disse que ela deveria incentivar e ela agora gosta muito das plantas”.
A visita às famílias
Cleo conta que as atividades da escola são complementadas com visitas às casas dos alunos para que as famílias possam entender um pouco mais sobre o trabalho na horta e estimular o cultivo das plantas nos quintas de suas casas, bem como o hábito de consumir alimentos mais saudáveis: “Eu falo para os pais que devem continuar incentivando os meninos a plantarem, pois é muito importante consumir estes alimentos saudáveis, plantados sem agrotóxicos. Além disso, se eles plantam em casa já não precisam comprar no mercado e é sempre um dinheiro que vão economizar.
Cleo aposta muito no incentivo que os filhos possam dar aos pais para o cultivo dos alimentos, pois foi pela influência de seu filho João Lucas e seu neto Dener que ela começou a plantar. Os meninos frequentavam a “Casa de Projetos” da Congregação Servas de Maria onde cultivavam uma horta junto com outros jovens do bairro e as primeiras plantas do rico quintal da família de Cleo vieram de lá: “hoje tem muita coisa no meu quintal, tem muita fruteira, couve, cará, erva-cidreira, tomates, galinha, pato e uma compostagem e todo mundo trabalha junto no quintal”. Hoje, o espaço cultivado pelos jovens da Congregação se tornou unidade de produção, que é apoiada pelo Projeto Semeando Agroecologia.
João Lucas gosta de plantar e hoje, além do trabalho na unidade produção, ajuda Cleo e Varlene nas oficinas do CIEP, que muitas vezes junta mais de 20 estudantes para trabalhar a terra. Thalyson Gomes mostra as mudas que trouxe de casa em uma garrafa Pet e conta animado que o trabalho na horta vale pontos para a escola: “A gente ganha pontos de participação e acaba melhorando a nota no final do semestre”.
A prática da agricultura urbana em suas diferentes dimensões mostra suas potencialidades. A melhoria da alimentação e da geração de renda indireta por meio da produção de alimentos saudáveis, aliados ao envolvimento da juventude, pode trazer mudanças significativas tanto para as escolas como para as famílias envolvidas, além de aproximar alunos, famílias, professores e comunidade escolar em torno de um projeto de melhoria da qualidade vida.
http://aspta.org.br/2012/04/semeando-a-agroecologia-nos-quintais-da-cidade/

"O índice de câncer onde mais utilizam agrotóxicos é muito maior que o mundial"

divulgação
 Autor: divulgação


A batalha contra a intensa utilização de agrotóxicos no país ganhou também o Congresso Nacional. No final de 2011, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um relatório que revela os riscos desses venenos para a saúde humana e ambiental.
Após mais de seis meses de trabalho de investigação e de escuta de todos os setores envolvidos na produção, comercialização, utilização e pesquisa dos agrotóxicos, a subcomissão criada especialmente para estudar o tema concluiu que o ideal é que esses produtos parem totalmente de ser usados na agricultura do país.
O deputado Padre João (PT-MG), autor do relatório, conta, nessa entrevista, as falhas que os parlamentares encontraram na legislação brasileira, as contradições nos discursos dos defensores dos agrotóxicos e as alternativas ao uso desses venenos, vistas de perto pelos deputados.
A entrevista é da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e publicada na página da Fiocruz.
Eis a entrevista.
O relatório da subcomissão especial sobre o uso de agrotóxicos e suas consequências à saúde aponta que quando se fala de substâncias tóxicas, como os agrotóxicos, não há como suprimir o risco envolvido na utilização desses produtos, apenas reduzi-lo a níveis aceitáveis. O Brasil hoje utiliza agrotóxicos de forma a reduzir os riscos a níveis aceitáveis?
Infelizmente não. E esse é um aspecto muito delicado, porque estamos falando de algo que está sendo ingerido junto com nossa alimentação. Não temos o controle sobre o uso dos agrotóxicos nem na produção, nem na comercialização, muito menos na utilização desses venenos, que é feita intensamente no campo e até mesmo nas cidades, onde existem as tais capinas químicas (método de controle da vegetação com o uso de agrotóxicos). Então, os agrotóxicos atingem diretamente o campo e a cidade e, indiretamente, toda a população brasileira na forma de resíduos nos alimentos.
Qual a dimensão do risco que a população brasileira está correndo?
Infelizmente somos os campeões no consumo de agrotóxicos, e esse título não gostaríamos nunca de carregar. Levando-se em conta toda a América Latina, 80% de todo o agrotóxico é consumido aqui no Brasil, apesar de haver outros países vizinhos com produção agropecuária, como a Argentina. Trata-se de um grande problema que nós temos no dia-a-dia e a população não tem clareza desse risco.
O pessoal do agronegócio e, infelizmente, alguns setores da academia insistem em dizer que não há problema em utilizar agrotóxicos. Mas precisamos pensar: recomendamos às pessoas que comam frutas, porque elas têm miligramas de vitaminas e nutrientes. Apesar de serem pequenas partículas dentro de uma fruta, esses nutrientes são importantes para o organismo. Uma laranja, por exemplo, tem alguns miligramas de vitamina C. É algo pequeno, mas isso tem efeito positivo para a saúde das pessoas, mesmo que seja a médio e longo prazo.
Agora, quando pensamos em termos de resíduos dos agrotóxicos, também estamos falando de partículas pequenas que são consideradas toleráveis. Porque vamos acreditar que, após 30, 40 anos de ingestão, esses resíduos não causam impacto negativo em nossa saúde, da mesma forma que os miligramas de nutrientes das frutas exercem impacto positivo? É um absurdo a própria academia insistir na tese de que há níveis toleráveis de agrotóxicos e que essas quantidades não têm efeito negativo em nossa saúde, se nós ingerimos alimentos com diversos tipos de agrotóxicos e tudo isso se reúne em nosso organismo.
O relatório fala das dificuldades em comprovar a relação entre o uso de agrotóxicos e o surgimento de doenças, apesar de várias evidências. A subcomissão realizou uma ausculta pública na cidade de Unaí (MG), onde são diagnosticados cerca de 1.260 casos de câncer por ano em cada 100 mil pessoas, enquanto a média mundial não ultrapassa 400 casos. Ainda são necessárias novas evidências da relação de causa e efeito entre o uso de agrotóxicos e doenças como o câncer e outras?
Nós temos algo bem evidente. Vimos situações, sobretudo no Noroeste de Minas Gerais, na região de Unaí, de pessoas que perderam um rim. Quando essa intoxicação por agrotóxicos é direta ou aguda, ela apresenta um efeito nítido que provoca a perda do rim, além de problemas na pele e outras doenças.
Mas o grande problema são os efeitos a médio e longo prazo, sobretudo para quem tem essa convivência ainda maior, embora todos nós sejamos atingidos quando ingerimos os alimentos. Os defensores dos agrotóxicos insistem em dizer que não existe essa relação entre esses venenos e as doenças, mas isso ficou muito claro para nós da subcomissão nas regiões onde há utilização em grande escala e muito concentrada dos agrotóxicos, como no Noroeste de Minas Gerais, na região do Jaíba (Norte de Minas Gerais), em Lucas do Rio Verde (GO), em Mato Grosso e em Petrolina (PE).
Está claro que o índice de câncer nessas regiões está muito maior do que o índice mundial, então, o nexo causal é muito evidente. Outro grande problema que percebemos é que existe um lobby muito forte sobre os próprios profissionais de saúde para que eles não registrem os casos de intoxicação. Temos depoimentos do Leste de Minas Gerais informando que uma pessoa morreu intoxicada por agrotóxicos em uma lavoura de café, e no atestado de óbito constou como infarto.
É possível que haja responsabilização criminal em casos como esse?
É importante destacar que se trata de um crime. Por isso, temos propostas de projetos de lei e, entre eles, um projeto que tipifica essa subnotificação do profissional de saúde como uma infração sanitária grave. A punição recairia, nesse momento, sobre o profissional de saúde porque é dele que parte a prova. Daí, seria desencadeada uma série de outros processos, mas, sem essa prova, ficamos nesse dilema.
Então, a raiz do problema é a subnotificação. Se reduzirmos isso, vamos ter dados precisos e poderemos envolver todos os responsáveis - o proprietário da lavoura, quem vendeu o agrotóxico sem orientação, as empresas produtoras. Hoje, temos um quadro de subnotificação generalizada. Infelizmente, falta capacitação para os médicos e enfermeiros. Apenas agora, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), junto ao Ministério da Saúde, fará a capacitação com formação à distancia para cerca de 400 profissionais de saúde. A previsão é que essa formação seja ampliada a cada semestre, mas ainda assim falta capacitação na própria academia, na grade de formação dos cursos dos profissionais de saúde.
Após a conclusão dos trabalhos da subcomissão é possível avaliar se a legislação brasileira é muito permissiva aos agrotóxicos ou se o problema está mesmo no descumprimento da legislação vigente?
Ela é permissiva no que diz respeito aos incentivos, como a isenção de impostos. Há uma política de incentivo ao uso de agrotóxicos baseada na tese do abastecimento, do Brasil como celeiro do mundo. Com uma visão muito equivocada de segurança alimentar, como se segurança alimentar fosse apenas quantidade e não visasse também qualidade, essa tese leva a essa quantidade de isenções.
Por outro lado, as legislações que existem sobre pulverização aérea, por exemplo, e o próprio receituário agronômico não são cumpridas e não há uma fiscalização. O aparato fiscalizador do nosso país chega a ser ridículo. Temos 90 técnicos capacitados para isso, somando os profissionais da Anvisa, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério da Agricultura e Pecuária. E dentro desses 90, menos de 50 efetivamente fiscalizam. Isso para um país continental, onde a agricultura e a pecuária são muito fortes, não é nada, não dá para atender nem uma unidade da federação.
Então, temos que aprimorar a legislação. Por isso, o próprio relatório traz algumas propostas e ainda estamos estudando outras, porque se viessem todas no bojo do relatório nós teríamos problemas para aprová-lo por causa do lobby que existe também no próprio Congresso. Mas nada adiantará se não estruturarmos esse aparato fiscalizador, seja do Meio Ambiente - e aí seria o Ibama e a Agência Nacional das Águas (ANA), que não tem nenhum controle e nenhuma informação sobre a contaminação das águas pelos agrotóxicos -, seja da Saúde, com a Anvisa e também no campo da saúde do trabalhador, além do próprio Ministério da Agricultura e Pecuária.
Os fiscais do Ministério do Trabalho não têm nenhuma capacitação para lidar com a contaminação dos trabalhadores e a qualidade de vida deles em relação aos agrotóxicos. Também em relação à fiscalização, sugerimos que o receituário agronômico tenha cinco vias, ao invés das duas que possui atualmente, de maneira que uma via seja enviada obrigatoriamente para os governos dos estados e outra para o governo federal. Já existe uma lei sobre a necessidade do receituário, mas ela não foi bem regulamentada e, por isso, estamos propondo novos projetos de lei, para que a fiscalização funcione de fato e possamos penalizar quem se omitir nas informações.
No relatório, a subcomissão observa também que, apesar dos riscos, as autoridades brasileiras acreditam que os benefícios advindos dos agrotóxicos na produção agrícola superam os malefícios. Como superar esse pensamento?
Esse pensamento está no bojo dessa tese: ‘agora chegaremos a 7 bilhões de seres humanos, então, temos que produzir alimentos e não há como produzir hoje sem agrotóxicos'. E isso não é verdade. Se, de um lado, a maioria pensa assim, tem outra parte que pensa diferente e já vem, na prática, buscando a superação do uso dos agrotóxicos.
Durante as audiências públicas e as visitas, fizemos questão de ir também em áreas de produção orgânica, que estão produzindo com qualidade e regularidade e cuja produção hectare/ano está superando aquelas que utilizam os agrotóxicos, até em produções como a de cana-de-açúcar. Recebemos proprietários de grandes usinas, que estão produzindo mais de 120 toneladas hectare/ano de cana, em uma média de 100 hectares. Visitamos também a fazenda Malunga, no entorno de Brasília, e pudemos constatar a produção em grande escala que é feita lá, com mais de 100 trabalhadores, produzindo sem agrotóxicos.
Então, esse pensamento das autoridades brasileiras é consequência de uma cultura que veio ganhando espaço através das universidades desde a década de 1970, com a superação das sementes criollas, tudo muito bem montado pelas multinacionais. São as mesmas empresas que já conhecemos, como Monsanto, Syngenta e Dow, cuja força nas universidades desde a década de 1970 violentou a agricultura tradicional e familiar, levando a uma ruptura cultural violenta. As próprias empresas de assistência técnica também ficaram reféns dessas multinacionais dos agrotóxicos.
Eu não estava no Congresso na legislatura passada, mas nossos deputados e senadores foram enganados quando aprovaram os transgênicos, com o discurso que iriam reduzir o uso dos agrotóxicos. Essa era a tese do agronegócio, uma mentira. Hoje, dobramos o consumo de agrotóxicos e, mesmo quem produz transgênicos, precisa utilizar agrotóxicos e em grande escala. Enganaram o Congresso.
Que políticas públicas seriam necessárias para que outro tipo de agricultura fosse potencializada no país?
Nós já fizemos algumas recomendações ao governo federal, reforçamos, por exemplo, a necessidade de avançar na pesquisa e na assistência técnica para a produção agroecológica porque quando dizem não dá para produzir sem veneno, na verdade, o que falta é assistência técnica porque toda a assistência e toda a pesquisa estão voltadas para a produção com agrotóxicos.
É lamentável quando visitamos algumas áreas e os próprios agricultores estão fazendo experimentos sem o uso de agrotóxicos. Não cabe ao agricultor fazer experimentos, cabe ao Estado Brasileiro propiciar isso através das empresas de pesquisa e garantir ao agricultor uma assistência técnica para dar segurança para aquele investimento que ele está fazendo.
É lamentável que apenas 22% dos produtores rurais do país tenham assistência técnica. Outro dado importante é que em algumas áreas rurais os índices de analfabetismo chegam a 25%. Então, um público com alto percentual de analfabetismo, sem assistência técnica, está lidando com veneno no dia-a-dia. São trabalhadores e trabalhadoras reféns dessas multinacionais.
Por isso, além de avançar na assistência técnica, temos também que aumentar os impostos para essas empresas, porque trazem prejuízos à saúde, ao Sistema Único de Saúde (SUS), à Previdência Social. São muitos trabalhadores obrigados a se aposentar de maneira prematura. Portanto, os agrotóxicos trazem grande prejuízo para o povo brasileiro e, ainda assim, recebem incentivos. Temos que dar incentivo é para a produção agroecológica, que produz alimentos que garantem saúde e vida para o povo. Infelizmente, a produção agroecológica não tem incentivo.
A Revista Veja publicou recentemente uma matéria com o título ‘A Verdade sobre os agrotóxicos'. A publicação diz que esses produtos não representam riscos à saúde. Além disso, utilizando como fonte o coordenador geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luís Eduardo Rangel, a revista afirma que o registro dos agrotóxicos no país é muito caro. O que o relatório aponta sobre isso?
Essa matéria da Veja não me espanta. É ridícula e não corresponde à realidade da vida, dos trabalhadores do campo e do povo brasileiro. O valor pago pelo registro no Brasil é irrisório se compararmos com o custo do registro nos Estados Unidos, por exemplo. Inclusive, estamos com projetos para aumentar o valor da taxa, tanto para o registro, quanto para a avaliação. E exigimos também a reavaliação dos agrotóxicos a cada cinco anos. Atualmente, o produto fica registrado por um tempo indeterminado e não tem acompanhamento dos riscos para determinar se ele precisa ser retirado ou não do mercado.
O relatório apresenta também dados sobre a destinação final das embalagens dos agrotóxicos. Qual a dimensão desse problema?
Esse é um problema muito grave. Os dados que as empresas apresentaram de retorno das embalagens vazias de agrotóxicos não correspondem à verdade. O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), fundado pelas próprias empresas, trabalha com um número bem menor do que o total das empresas de agrotóxicos no Brasil. Eles trabalham com menos de 100 empresas, e, no total, são 136 com registro no país.
Outro problema sério é quando o estabelecimento comercial obriga o agricultor a assinar um termo de compromisso que o responsabiliza pela entrega da embalagem no posto de recolhimento estipulado pelas empresas. Muitas vezes, esse posto está distante 300 quilômetros da propriedade rural. Tem estado com apenas um posto de coleta.
Então, é algo totalmente precário, recolhem o mínimo e insistem que coletam 94% das embalagens. E essa embalagem não coletada é reutilizada na própria lavoura, como eu disse anteriormente, pelo problema do analfabetismo e da falta de orientação. De forma inocente, as pessoas reutilizam as embalagens para uso doméstico, em currais, e até para armazenar alimentos.
Outro apontamento do trabalho da subcomissão é uma maior integração entre os setores responsáveis pela fiscalização dos agrotóxicos e os órgãos estaduais. Mas sabemos que há um pensamento predominante de defesa do agronegócio e de métodos deste modelo de produção que tem se mostrado prejudiciais à saúde humana e ambiental. Como potencializar a fiscalização dos agrotóxicos diante desse quadro de governos que defendem as práticas do agronegócio?
Só vamos ter essa realidade quando a população tomar consciência de que ela está sendo envenenada a cada dia. Nesse sentido, eu saúdo o cineasta Silvio Tendler que, com o filme ‘O Veneno está na mesa ', aborda essa realidade. A população é tem que criar essa consciência coletiva e dar um basta. Não dá para esperar isso dos governos e dos políticos porque essas empresas também financiam campanhas políticas.
No próprio Congresso, a maioria está em defesa do agronegócio, que não abre mão da utilização de veneno na produção de alimentos. E é lamentável quando temos uma mesma empresa que mata o povo com uma mão e dá o remédio com a outra. A Bayer, por exemplo, ao mesmo tempo que fabrica venenos, também produz medicamentos. Essa legislação precisa ser revista com urgência.
A conclusão do relatório aponta que o ideal seria o banimento total dos agrotóxicos e que isso pode acontecer a médio e longo prazo. De que forma isso pode ser feito?
Eu não posso dizer que essa mudança será em 10 ou 20 anos, mas acredito e vou lutar por ela. Quem diria que a Alemanha daria um basta à energia nuclear, com a meta de em 2020 não ter nenhuma usina nuclear funcionando? E justo em um país que não tem disponibilidade solar e de recursos hídricos, mas está criando condições para ter energia renovável.
Eu acredito que um país como o nosso, com terra fértil, água e com tantos experimentos bem sucedidos na produção agroecológica, conseguirá alimentar não só os 200 milhões de brasileiros, mas dar uma grande contribuição para todos os outros continentes na produção de alimentos que vão garantir saúde e vida para o povo.
Hoje, a grande produção está enganando a população, porque a pessoa compra pimentão, mas está comprando pimentão mais veneno. E muitos ainda não têm a clareza de que não basta apenas lavar o alimento. Isso retira apenas o resíduo externo, não o veneno, que está impregnado no alimento. Precisamos de uma posição do governo federal, junto com o Congresso, para banir de vez a utilização de agrotóxicos.
Por isso, é urgente avançarmos na pesquisa e na assistência técnica para produção agroecológica. As indicações da subcomissão já foram encaminhadas aos diversos setores do poder público. Agora, iremos trabalhar cada uma delas fazendo gestões nos ministérios para os quais foram feitas as recomendações, além da Secretaria Geral da Presidência da República e da Casa Civil. O que nos alegra é que o próprio secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, cultiva uma produção agroecológica em seu sítio e tem essa consciência.
Esperamos buscar dentro do próprio governo pessoas que tenham essa consciência e possam entrar nessa luta. A Fiocruz, a Anvisa, algumas universidades que já estão comprometidas, os movimentos sociais, todos são estratégicos. Temos que unir o campo e a cidade para criarmos as condições para a superação do uso de agrotóxicos, já que nossa vida depende do que comemos e bebemos.
Por: Fiocruz
enviado por Edmilson Pinheiro - Fórum Carajás

Pesquisa inédita revela perfil da mulher extrativista na Amazônia

 


http://evergreenforests.files.wordpress.com/2012/04/rosana-pantoja-and-ac3a7ai.jpg?w=570&h=427
Rosana Pantoja desbastado açaí na floresta pública onde mora
 
 
Segundo levantamento da CNS, mulheres extrativistas querem mais crédito e assistência técnica para a produção; internet pode mudar realidade produtiva
 
 
Rosana é ribeirinha. Mora com a família na várzea do rio Pará, a 30 minutos de barco de Curralinho na ilha de Marajó.  Tem trinta anos e ainda não teve filho. Exerce vários ofícios. Aprendeu todos na prática. Como costuma repetir, “ribeirinho tem de fazer de tudo um pouco”.
 
Na época da chuva, entre dezembro a maio, sua atividade é subir o rio de canoa, coletando o açaí. Parte consome com a família de oito irmãos; parte vende na cidade – com preços que flutuam entre R$ 10,00 a R$ 20,00 uma lata de 15 kg.
 
Quando a chuva acaba, Rosana faz as vezes de pescador artesanal. Joga a tarrafa e arma o matapi1. Ela conta que a “safra” do camarão é junho. “O problema é que com muito oferta o preço cai”, reclama. Pra agregar valor, descasca e salga antes de vender.
 
Além do camarão e do açaí, Rosana também trança cestarias e confecciona biojoias. E não é só isso: quando tem eventos públicos em Curralinho, Rosana sempre consegue um bico de cozinheira.
Satisfeita com seu ritmo de vida, não tem planos de buscar outro trabalho. Tampouco quer mudar para a capital do estado. Sempre procura cursos de assistência técnica. (Atualmente freqüenta uma capacitação de beneficiamento do açaí – oferecido pelo Instituto Peabiru, de Belém do Pará.)
 
O caso de Rosana faz parte de uma pesquisa, ainda inédita, que a Secretaria da Mulher do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) está terminando de elaborar, com apoio da agência de cooperação alemã, GIZ. O CNS já ouviu 46 associações de mulheres em nove estados da Amazônia Legal. A previsão é que o estudo deve sair até o final do ano.
 
 
Segundo Cristina da Silva, organizadora da pesquisa, as associações de mulheres na Amazônia ainda estão nos primeiros passos para se organizar como produtoras. A elas, faltam principalmente informações e capacitação. Linhas de financiamentos nunca chegam. “Sem contar as questões culturais que as impede de uma maior autodeterminação”, diz Cristina.
Segundo os primeiros resultados da pesquisa, apenas 26% dos grupos extrativistas entrevistados tiveram algum membro beneficiado por alguma linha de crédito. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) não atingiu nem 5% deles. O Pronaf Mulher tem resultado nulo, 0%. Veja quadro:
 
http://evergreenforests.files.wordpress.com/2012/04/crc3a9dito.jpg?w=570&h=341
 
O acesso aos créditos de PRONAF A, B e C é muito baixo: entre 2,2% e 4,3%.
 
 
Francisca Augusta Rodrigues, moradora da reserva extrativista Rio Ouro Preto, em Guajará-Mirim, Rondônia, jamais foi beneficiada por algum tipo de financiamento. Nasceu na beira do rio, criou sete filhos, que hoje moram na cidade. Ela se mantém ativa, coletando coco babaçu nas cercanias do terreno.
 
Francisca participa da associação de Mulheres Extrativistas Ouro Preto, mas o único benefício que recebe é a ajuda no transporte da produção para a cidade. Do coco babaçu, ela extrai o óleo que vende no comércio local de Guajará-Mirim por R$ 25,00 o litro.
 
Transporte - Segundo a pesquisa, transporte tampouco é o forte dessas trabalhadoras, o meio mais usado por elas é a canoa (41%), seguido de barco e bicicleta, 35% e 33% respectivamente. Ônibus públicos também parecem distante da realidade delas, só 13% declararam ter acesso. Veja quadro abaixo:
 
http://evergreenforests.files.wordpress.com/2012/04/meio-de-transporte.jpg?w=570&h=298
Barcos e canoas correspondem a 75% do transporte desse grupo; ônibus público, 13%
 
 
As associações se empenham em disponibilizar transporte para suas beneficiadas, mas a maioria só consegue fornecer canoas e bicicletas (15%). Só 2% dos grupos têm carros.
 
foto: Luiz da Motta
Barcos e canoas seguem sendo o transporte mais usado pelas extrativistas
 
 
Comunicação – Rosana tem celular. Sua casa tem gerador a diesel e, caminhando alguns minutos, a jovem chega a uma estrada de terra acessada por uma linha de ônibus.
Mas aqui ela também é exceção. Dos grupos entrevistados apenas 30% usam meios de comunicação como telefone, rádio ou carta. Mas a boa notícia é que 19% têm e-mail. O que pode indicar uma revolução em curso no meio extrativista amazônico provocada pela internet. Abaixo:
 
http://evergreenforests.files.wordpress.com/2012/04/instrumentos-de-comunicac3a7c3a3o.jpg?w=570&h=291
 
 
Internet: das entrevistadas 19% já têm e-mail
 
 
Para Cristina, coordenadora da pesquisa, a primeira leitura desses dados mostra que a realidade da mulher extrativista não está livre dos impactos do mundo contemporâneo. Mas seu estilo de vida ainda é voltado para a família.
 
 
“A mulher extrativista tem muita influência do modo de vida indígena”, afirma Cristina. Segundo ela, até anos atrás, com o ritmo lento de vida na zona rural, essas mulheres não precisavam de planejar o futuro. “Viver o presente já bastava”, afirma Cristina. “Falar em organização gerencial, linhas de crédito, longo prazo, etc. soava muito distante do dia-a-dia delas”, conclui a pesquisadora.
 
 
Joci Aguiar, diretora do GTA2, concorda que a questão cultural atrapalha o desenvolvimento do movimento de mulheres na região. “Mesmo com expediente maior do que o masculino, o trabalho delas é pior remunerado”, afirma. Segundo Joci, e o preconceito começa dentro de casa. “As decisões ainda são tomadas pelo marido”, afirma.
 
No entanto, Joci acredita que espaços sociais e políticos estão sendo conquistados pelos movimentos de mulheres. E esses 46 grupos ativos levantados pela pesquisa são prova disso.
 
Por outro lado, Cristina da Silva afirma que os governo e instituições potencialmente apoiadoras dispõem de poucas informações sobre a realidade delas. E sem dados é difícil atendê-las com eficiência.
O INCRA3 por exemplo oferece casas para essas mulheres, mas não pesquisa quais as necessidades da família”, diz Cristina. “Então compra telhas de alumínio (que saem mais barato), mas são inadequadas para o calor amazônico”, avalia ela.
 
Enquanto isso, as comunidades vivenciam as mudanças na Amazônia. Francisca disse que hoje na resex do rio Ouro Preto há falta de mão-de-obra para a coleta do babaçu. “Todos foram trabalhar na usina”, afirma. Francisca se refere às obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira.
 
 
Notas:
1.       Luiz da Motta é jornalista, especializado na floresta amazônica e consultor do GTA;
2.       Joci Aguiar é coordenadora geral da Rede Acreana de Homens e Mulheres;
3.       Instituto Peabiru: Organização da Sociedade Civil, sediada em Belém/PA, cuja missão de educar para a valorização da biosociodiversidade amazônica,www.peabiru.org.br;
4.       Matapi: artefato de pesca tradicional do camarão, muito utilizado na Amazônia;
5.       GTA: Grupo de Trabalho Amazônico. Organizaçao que congraga cerca de 600 entidades dos movimentos sociais da Amazônia, www.gta.org.br;
6.       Incra: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, www.incra.gov.br.
 
http://evergreenforests.files.wordpress.com/2012/04/rosana-no-ac3a7aizeiro.jpg?w=570&h=427
Rosana no açaizeiro: 15 latas por dia
 
Fonte: http://evergreenforests.wordpress.com/
Enviado por João Correa

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vejam como transformar uma camiseta em sacola!!!!!

Nova presidenta do CONSEA critica agrotóxicos e transgênicos

 
Em seu discurso de posse, nesta quarta-feira, a nova presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), a antropóloga Maria Emília Pacheco, criticou os agrotóxicos e os alimentos transgênicos.
“O caminho percorrido historicamente pelo Brasil, com seu modelo atual de produção, nos levou ao lugar do qual não nos orgulhamos - de maior consumidor de agrotóxicos no mundo e uma das maiores áreas de plantação de transgênicos”, disse ela.
“É fundamental adotar o objetivo estratégico da soberania e segurança alimentar e nutricional como eixos ordenadores da estratégia de desenvolvimento do país, para superar as desigualdades socioeconômicas, regionais, étnico-raciais, de gênero e geração e erradicar a pobreza extrema e a insegurança alimentar e nutricional”, afirmou. “Esta perspectiva ainda não está incorporada no atual Plano Plurianual”, disse ela.
A nova presidenta criticou o que chama de “livre atuação das grandes corporações”. “A livre atuação das grandes corporações, apoiada na irrestrita publicidade de alimentos - que tem como um dos alvos principais as crianças – também tem gerado efeitos nocivos para a segurança alimentar e nutricional e em fenômenos como o preocupante avanço do sobrepeso, da obesidade e de doenças crônicas não-transmissíveis”.
Clique aqui para ler a íntegra do discurso da nova presidenta do Consea.
Fonte: Ascom/Consea

Maria Emilia, nova presidenta do Consea, defende direitos de Povos Indígenas e Quilombolas


Maria Emília Lisboa Pacheco defende direitos de povos indígenas e quilombolas e
 critica PEC 215 e ADI 3239 ao assumir a Presidência do CONSEA.
Foto compartilhada do Facebook.
Luciana Lima, Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ao tomar posse ontem (17) na presidência do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão consultivo do governo, a antropóloga Maria Emília Lisboa Pacheco, manifestou sua preocupação com a desnutrição nas comunidades indígenas e quilombolas no Brasil. Ela citou duas medidas que, em sua avaliação, ameaçam o direitos à alimentação dessas populações.
Segundo a nova presidenta do Consea, a aceitação, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o Legislativo a competência pela demarcação e pela homologação de terras indígenas e quilombolas, prejudica essas comunidades. Atualmente, essa competência é do Poder Executivo. Há duas semanas, a admissibilidade da proposta foi aprovada sob pressão da bancada ruralista.
Outra medida citada por Maria Emília, foi a da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 3239, que deverá ser votada hoje (18) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ação foi proposta pelo DEM e contesta o Decreto 4.887 de 2003 que regulamenta a demarcação das terras ocupadas por integrantes remanescentes de comunidades quilombolas.
“Os índices de desnutrição entre os povos indígenas continuam altos e, mais recentemente, vem sendo diagnosticados casos de doença beri-beri [provocada pela falta de vitamina B1 no organismo, causando fraqueza muscular e dificuldades respiratórias] em várias etnias em Roraima. A situação das comunidades quilombolas também preocupa. Os conflitos territoriais e as dificuldades de acesso às políticas são obstáculos à segurança alimentar”, destacou.
Durante a cerimônia, com a presença da presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Plantalto, Maria Emília também disse que reconhecia os avanços dos últimos anos para muitos segmentos sociais, mas enfatizou que há riscos de retrocesso. “Vivemos tempos de grandes desafios, contradições e riscos de desconstrução de conquistas”, declarou, e cobrou que o Estado brasileiro respeite as convenções internacionais que tratam dos direitos das comunidades tradicionais.
“O nosso apelo senhora presidenta [Dilma Rousseff], fazendo coro às vozes dessas populações, é zelar pelo cumprimento da Constituição Federal e de outros instrumentos internacionais como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho [OIT], da qual o Brasil é signatário, de proteção aos direitos indígenas, dos quilombolas e demais povos tradicionais”, ressaltou.
“Para reverter o quadro de risco para essas populações, o Consea defende o etnodesenvolvimento como uma diretriz a ser plenamente implementada no conjunto das políticas públicas do Estado brasileiro e, em especial, nas políticas de segurança alimentar”, completou.
Maria Emília é formada em serviço social pela Faculdade de Serviço Social de Juiz de Fora. Ela tem mestrado em antropologia social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e integrou a equipe que organizou o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (Inan), em Minas Gerais.
A nova presidenta do Consea faz parte do conselho desde 2004 e é membra da Federação de Órgãos de Assistência Social e Educacional (Fase), do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e da Articulação Nacional de Agroecologia.
Maria Emília substitui Renato Maluf que, em seu discurso de despedida, criticou a situação brasileira de ser o “campeão mundial no uso de agrotóxico e na permissão de produção de produtos transgênicos. “É uma condição que a população brasileira vem sentindo”, disse.
Edição: Aécio Amado
Enviado por Tânia Pacheco:http://racismoambiental.net.br/2012/04/maria-emilia-nova-presidenta-do-consea-defende-direitos-de-povos-indigenas-e-quilombolas/#more-50061

terça-feira, 17 de abril de 2012

Globalizemos a luta!!!! Globalizemos a esperança!!!!

Se tiver transgênicos, não compre!!!!! Veja se tem o "T" e não consuma!!!!



Cresce resistência aos agrotóxicos e transgênicos no mundo
Relatório indica que muitos países são contrários a produção de transgênicos e estabeleceram moratórias que proíbem a produção de variedades de milho e batata geneticamente modificados.
(1’37” / 381 Kb) - Organizações sociais de atuação internacional, como a Via Campesina, divulgaram relatório que sinaliza uma crescente resistência aos agrotóxicos e alimentos transgênicos nos mais variados países. A Monsanto é a principal empresa de biotecnologia apontada como adversária dos agricultores que têm preferência pela produção agroecológica.
O relatório indica que muitos países são contrários a produção de transgênicos e estabeleceram moratórias que proíbem a produção de variedades de milho e batata geneticamente modificados.
Segundo informações da Agência Adital, na Índia está em vigor uma moratória ao cultivo de berinjela Bt, uma versão transgênica desse alimento. No país, está ganhando forma um movimento que pede a saída definitiva da Monsanto. Situação parecida se verifica em países da Europa, América Latina e Caribe.
No Peru, também vigora uma moratória de dez anos para impedir a produção de transgênicos e em algumas regiões da Argentina há ordens judiciais que impedem a utilização de agrotóxicos nas proximidades de casas. No Brasil, está em curso uma campanha batizada de “Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida”.
Os cultivos geneticamente modificados ocupam 3% das terras agrícolas do mundo. Estima-se que 90% dessas produções estejam nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Índia e Canadá. O relatório ainda destaca que, nos países ricos, a produção é revertida para alimentar animais.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
05/04/12
*Com informações da Agência Adital

domingo, 15 de abril de 2012

Assinem a Lei de Iniciativa Popular Pelo Desmatamento Zero!!!!!

 
As florestas são fundamentais para assegurar o equilíbrio do clima, a conservação da biodiversidade e o sustento de milhões de pessoas que dela dependem diretamente para sobreviver. Florestas também fazem parte da nossa identidade como brasileiros. Elas influenciaram a formação da nossa cultura e nossos mitos. Seu verde está na nossa bandeira e nos nossos corações. Se elas desaparecerem, não seremos mais o Brasil que a gente ama e conhece.
Por isso, lançamos uma campanha para levar uma lei de iniciativa popular ao Congresso, para acabar com o desmatamento no Brasil. A proposta parte do princípio que o único índice tolerável de desmatamento é o zero. Há vários países do mundo que pararam de desmatar suas florestas faz mais de um século. O Brasil pode ser ainda melhor: a primeira nação que se desenvolveu ao mesmo tempo em que soube preservar sua riqueza florestal.
A campanha visa a obter 1,4 milhão de assinaturas de eleitores brasileiros, para que um projeto de lei de iniciativa popular seja levado ao Congresso. Ela tem também o objetivo de gerar um debate sobre o tema na sociedade e aumentar a pressão pela sua aprovação. Só com a mobilização de um grande número de pessoas temos a chance de ter este projeto aprovado.
Faça sua parte. Assine, compartilhe e ajude a salvar o verde do Brasil.
ASSINE AQUI!!!! http://www.greenpeace.org/brasil/pt/

   Danicley de Aguiar
Greenpeace Amazon
Enviado por Marquinho Mota - FAOR

MA: Crime bárbaro no Baixo Parnaíba envolvendo grandes latifundiários


 

Aconteceu na ultima segunda feira (09), mais um crime bárbaro no Baixo Parnaíba, envolvendo grandes latifundiários da região e trabalhadores (as) da agricultura familiar.Desta vez, o crime foi na fazenda Santa Paulina, entre os municípios de Brejo e Santa Quitéria, de propriedade do senhor Jorge Preste.
De acordo com os donos dos animais Francisco Tiodoro, Ediniz Silva, entre outros agricultores familiares, o crime foi cometido a mando do senhor Jorge Preste, que teria autorizado envenenar aproximadamente 37 animais (bovino), pertencentes aos trabalhadores rurais. Além dos 37 animais, centenas de urubus que consumiram as carnes envenenadas também morreram.
A acusação da mortandade dos animais no município de Brejo só evidencia as preocupantes denúncias no Baixo Parnaíba: grilagem, expulsão violenta de populações habitantes em terras devolutas, corrupção de autoridades locais, poluição do ar, solo e doenças humanas, especialmente câncer de pele e respiratórias. A implantação de grandes projetos de atividade sojicultora e plantio de eucalipto são os dois vilões mais abomináveis da região, tendo por trás fazendeiros de outros estados, os chamados “gaúchos” ou “paulistas” e a Suzano, indústria multinacional de papel e celulose, com sede em São Paulo.
Por Barack Fernandes
Enviado por Edmilson Pinheiro - Fórum Carajás

quarta-feira, 11 de abril de 2012

CEDENPA realiza o II Módulo do Curso de Formação "Agentes de Negritute"

 
Inicio do II Módulo do Curso de Formação para Agentes de Negritude. Faça sua inscrição!!!
No próximo dia 16/04 inicia o segundo Módulo do Curso de Formação para Agentes de Negritude. Este módulo tem como tema - "Gênero e Diversidade Afro Brasileira" e vai abordar questões Religiosas, Práticas e Relações Raciais, “Sexismo - Mulher Negra”, Quilombos do Pará e Cultura Afro.
O objetivo desse curso é formar jovens - agentes de negritude, de modo que possam atuar de maneira qualificada em vários espaços de formulação de políticas e decisões de interesse da população negra, em áreas diversificadas.
Para esse segundo módulo, poucas vagas foram ofertadas, garanta a sua inscrição enviando um e-mail para cedenpa@cedenpa.org.br ou pelo fone: 91 3224 3280.
O quê: II Módulo do Curso de Formação para Agentes de Negritude.
Onde: Casa da Linguagem – Av. Nazaré S/N
Quando: de 16 à 20 de Abril – de 08hs às 12hs / 14hs às 18hs.
Quem pode Participar: Jovens negras e negros, a partir de 18 anos.