“Essa combinação de agroecologia com
agricultura familiar, é o potencial maior do ponto de vista de
resultados e do ponto de vista social, econômico e ambiental”, diz Jean
Marc van Der Weid, economista e ambientalista, integrante da Articulação
Nacional de Agroecologia. Cúpula dos Povos fará denúncia das falsas
saídas para a atual crise socioambiental e apresentará soluções práticas
já existentes contra essa crise.
Rodrigo Otávio
Rio de Janeiro - A
Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio + 20 que acontecerá entre 15 e
23 de junho no Aterro do Flamengo, trabalhará em três frentes principais
em relação à conferência oficial das Nações Unidas a ser realizada no
Riocentro entre 13 e 22 de junho, quando chefes de estado debaterão o
desenvolvimento sustentável. No Aterro do Flamengo, os objetivos, além
do fortalecimento dos movimentos sociais nacionais e internacionais,
serão a denúncia das falsas saídas para a atual crise socioambiental e a
apresentação de soluções práticas já existentes contra essa crise.
Uma dessas soluções é a agroecologia,
que produz alimentos sem o uso de agrotóxicos, não maltrata o solo e
gera empregos e renda a partir da agricultura familiar. “Essa dupla,
essa combinação de agroecologia com agricultura familiar, é o potencial
maior do ponto de vista de resultados e do ponto de vista social,
econômico e ambiental”, diz Jean Marc van Der Weid, economista e
ambientalista, integrante da Articulação Nacional de Agroecologia,
ressaltando a importância de ela não poder ser operada integralmente em
sistemas de grandes propriedades. “Ela não tem nenhuma necessidade, ao
contrário do que diz o pessoal do agronegócio, de expandir novas áreas
de cultivo. Tem um potencial produtivo suficiente para alimentar a
população, economia de água, economia de energia. Enfim, tem todas as
capacidades de responder a um conjunto de questões”.
Questões integrantes da crise
socioambiental como a pobreza contemporânea decorrente da marginalização
e expulsão dos trabalhadores agrícolas para as zonas urbanas. “Quando
você trabalha em agroecologia, você procura a máxima diversidade
possível, porque você tenta aproximar um sistema artificializado, que é a
agricultura, dos sistemas naturais. Nós estamos lidando portanto com um
sistema que vai ser tão diversificado que a mecanização vai ser
limitada. Se é assim, se esta é a economia que a gente vê para o futuro,
significa que nós vamos precisar de muito mais camponeses do que nós
temos hoje”, diz van Der Weid.
Uma SP volta ao campo
Na realidade brasileira, o ambientalista faz um cálculo estimativo de cerca de 15 milhões de famílias, quase a população da grande São Paulo, em condições de ocuparem o espaço produtivo, “no lugar das áreas degradadas que seriam recuperadas e no lugar dos aproximadamente 60 a 70 milhões de hectares que estão na mão do agronegócio”, afirma ele. Dos cálculos para a realidade vai um longo caminho, e van Der Weid sabe que implica em uma questão política fundamental. “É uma mudança de base social no campo radical. Você tem que caminhar para a substituição de uma categoria do agronegócio para a categoria da agricultura familiar empregando a agroecologia como sistema produtivo”.
Na realidade brasileira, o ambientalista faz um cálculo estimativo de cerca de 15 milhões de famílias, quase a população da grande São Paulo, em condições de ocuparem o espaço produtivo, “no lugar das áreas degradadas que seriam recuperadas e no lugar dos aproximadamente 60 a 70 milhões de hectares que estão na mão do agronegócio”, afirma ele. Dos cálculos para a realidade vai um longo caminho, e van Der Weid sabe que implica em uma questão política fundamental. “É uma mudança de base social no campo radical. Você tem que caminhar para a substituição de uma categoria do agronegócio para a categoria da agricultura familiar empregando a agroecologia como sistema produtivo”.
Sem o enfrentamento dessa questão
política que a Cúpula dos Povos propõe e sem essa mudança da base social
do campo, o integrante da Articulação Nacional de Agroecologia vê as
saídas apontadas pela dita “economia verde” como um cinismo atroz. “Ela é
mais do mesmo! Mais agrotóxico, mais transgênico, mais adubo químico. E
a justificativa ‘green’ é porque isso vai evitar que se façam novos
desmatamentos. Então os produtores de pesticidas dizem isso: ‘somos
verdes!’, mas eles são mais venenosos”.
Mercado
Jean Marc van Der Weid também descontrói
a versão dos transgênicos apresentada como “solução estratégica” da
chamada economia verde. “Não vamos ter nenhuma vantagem do ponto de
vista econômico. Ao contrário! Todos os lugares que ela conseguiu entrar
e controlar você teve recuo na produtividade e na economicidade destes
produtos. Então por quê domina? É o controle de oferta! Você chega em
diversos setores e tem uma imensa concentração de controle de produtos
essenciais, no caso, sementes. Não é lógica econômica! Se chama
simplesmente poder. Você ter ou não ter poder de fogo, na economia e na
política”.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20187&boletim_id=1198&componente_id=19269
Enviado por Tânia Pacheco: http://racismoambiental.net.br/2012/05/cupula-dos-povos-propoe-agroecologia-e-agricultura-familiar-contra-a-crise/#.T7qwKPmySac.facebook
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