Brasil teve 8 mil casos de intoxicação por defensivos agrícolas (sic) registrados em 2011
O
Ministério da Saúde registrou 8 mil casos de intoxicação por
agrotóxicos no Brasil em 2011. Entre os trabalhadores rurais, os dados
apontam que um número cada vez maior de mulheres está sendo afetado pelo
produto, embora existam mais notificações sobre a intoxicação de
homens.
As
informações foram divulgadas pelo diretor do Departamento de Vigilância
em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde,
Guilherme Franco Netto, que participou de audiência pública ontem na
Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Rural, presidida pelo
deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).
A
audiência foi requerida pelos deputados Jesus Rodrigues (PT-PI) e Bohn
Gass (PT-RS). Rodrigues afirmou que pretende solicitar outros debates,
inclusive com empresas fabricantes de agrotóxicos. Depois disso, ele e
outros parlamentares apresentarão um projeto de lei para mudar as normas
sobre o uso de defensivos agrícolas. “Formaremos um juízo, para então
apresentarmos a esta Casa um projeto, um novo regramento que possa
inibir o uso de agrotóxicos na nossa plantação, na nossa alimentação, no
nosso dia a dia.”
Uso
com precaução – Médica e integrante de um grupo de trabalho da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Anamaria
Tambellini disse não condenar o uso de agrotóxicos, mas informou que já
foi comprovado que alguns desses produtos provocam doenças como câncer,
principalmente no útero e em outros órgãos do aparelho reprodutor. Para
Anamaria Tambellini, esses produtos devem ser banidos do Brasil, e os
agrotóxicos que forem liberados precisam ser usados com precaução.
Na
avaliação da médica, a utilização daqueles que são liberados deve ser
feita com o maior cuidado possível, porque são indicados para
determinadas culturas, com determinado nível de aplicação e de uma forma
adequada, chamada de “boas práticas”. “O indivíduo não pode ir jogando
de qualquer maneira. Quem utiliza o agrotóxico e, principalmente, quem
trabalha tem que saber dos riscos e aprender como pode minorar a
possibilidade de exposição a doenças”, explicou.
Proibição
total – Já para o engenheiro agrônomo representante da Associação
Brasileira de Agroecologia, Vinícius Freitas, não existe consumo seguro
de agrotóxicos. Ele citou uma pesquisa da Universidade Federal do Mato
Grosso feita em Lucas do Rio Verde. A cidade é uma das cinco maiores
produtoras agrícolas do Mato Grosso e uma grande consumidora de
agrotóxicos.
A
pesquisa mostrou que, dos 12 poços de água potável das escolas
analisadas, 83% estavam contaminados com resíduos de vários tipos de
agrotóxicos. Além disso, 56% das amostras de chuva tinham defensivos
agrícolas, e 100% das mulheres em fase de amamentação apresentavam pelo
menos um tipo de agrotóxico no leite materno.
Vinícius
Freitas defendeu uma agricultura de base agroecológica, sem o uso de
agrotóxicos. Segundo ele, para que esse tipo de produção seja viável,
são necessárias políticas públicas efetivas. Freitas destacou que os
pequenos agricultores, responsáveis, segundo ele, por 70% da produção
nacional, normalmente só conseguem crédito para plantar com o uso de
defensivos agrícolas.
Fonte: Jornal da Câmara, 10/05/2012.
Enviado por: aspta.org.br/campanha/boletim-585-18-de-maio-de-2012/
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