sábado, 12 de janeiro de 2013

Embrapa lança e disponibiliza livro sobre agroecologia em PDF


Transição agroecológica e construção participativa do conhecimento para a sustentabilidade é o título da publicação que está disponível para download
Embrapa Meio Ambiente
09/01/2013

O livro “Transição Agroecológica – construção participativa do conhecimento para a sustentabilidade” traz os resultados das atividades de projeto da Embrapa, de 2009 a 2010. Com 297 páginas, os editores técnicos são Carlos Alberto Barbosa Medeiros, Flávio Luiz Carpena Carvalho, André Samuel Strassburger, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS).
Conforme Clenio Nailto Pillon, Chefe Geral da Embrapa Clima Temperado, “os primeiros resultados do esforço de construção do conhecimento estão nesse trabalho. Ainda que parciais, demonstram que muito já se evoluiu em direção ao objetivo central do projeto, que é apoiar processos de transição a uma agricultura sustentável, através da construção participativa do conhecimento agroecológico”.
O pioneirismo é atribuído ao fato de ser a primeira proposta de pesquisa a reunir técnicos da Embrapa e instituições parceiras para trabalharem com um objetivo comum, a construção do conhecimento agroecológico.
Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente participam da obra
Francisco Miguel Corrales, técnico da Unidade, escreveu sobre o intercâmbio de conhecimentos e tecnologia de base agroecológica a partir da rede de unidades de referência da região leste do Estado de São Paulo.
Conforme Corrales, na região leste do Estado de São Paulo encontram-se 70.046 agricultores, 44,8% destes em sistema de produção familiar, com destaque para atividades em pecuária leiteira, olericultura, cafeicultura e fruticultura. Agricultores dessa região vêm procurando o intercâmbio de conhecimentos em busca de práticas que conciliem conservação dos recursos naturais, geração de renda e qualidade de vida.
As atividades relatadas nesse capítulo referem-se a processos de transferência de tecnologias apropriadas a sistemas de agriculturas ecológicas, realizadas a partir da articulação regional entre instituições representativas dos agricultores, das organizações de pesquisa agropecuária, agentes locais de extensão rural e de grupos de consumidores. Dessa maneira, está sendo constituída a Rede de Agroecologia do Leste Paulista (também conhecida como Mantiqueira-Mogiana), que atua num território formado por 40 municípios dessa região.
Foram selecionadas as principais demandas regionais, com destaque para aspectos relacionados ao manejo do solo, pragas, doenças e plantas espontâneas; processamento artesanal de alimentos e educação alimentar. Foi iniciada a implantação de 26 unidades de referência localizadas em estabelecimentos rurais do leste paulista, representativas dos principais sistemas de produção da região. Em algumas dessas glebas já há sinais claros de evolução no sentido de uma agricultura biodiversa, em manejos promotores da conservação dos recursos naturais e promotores da qualidade de vida. Outro avanço observado foi a articulação regional na temática da Agroecologia entre instituições representativas dos agricultores, organizações de pesquisa agropecuária, agências de extensão rural e grupos de consumidores.
Os assentamentos sustentáveis nas regiões de Ribeirão Preto, Itapeva, Serrana e Serra Azul, no Estado de São Paulo foram abordados pelo pesquisador João Carlos Canuto.
“Os assentamentos rurais são a manifestação mais concreta da agricultura familiar no Estado de São Paulo, onde a modernização agrícola quase extinguiu a agricultura tradicional”, explica Canuto. A atividade contemplou diferentes regiões do estado: região de Andradina (oeste), onde predominou o trabalho com sistemas sustentáveis de produção de leite; Ribeirão Preto, Serrana e Serra Azul (norte), onde o trabalho teve como atenção os sistemas agroecológicos e agroflorestais em áreas individuais e em áreas coletivas de Reserva Legal e a região de Itapeva (sul), onde o trabalho foi concentrado em sistemas agroflorestais. O foco unificador do trabalho foi a construção do conhecimento agroecológico para as realidades de assentamentos de reforma agrária. Os métodos utilizados contemplaram basicamente a pesquisa participativa e a articulação com parcerias locais e regionais.
Observou-se a melhoria da qualidade dos recursos solo, água, agrobiodiversidade e biodiversidade em geral, seguidas da mudança da paisagem. Além da ampliação das alternativas de nutrição da família, detectou-se ainda a melhoria das condições de trabalho, melhor conforto térmico e menor penosidade. Deve ser salientada a redução dos custos de insumos e mão-de-obra a partir de três anos de estabelecimentos de sistemas agroflorestais, além da abertura de alternativas de mercado diferenciado e melhoria da renda. Saliente-se ainda o reforço nos processos de qualificação das relações de parceria, dos processos participativos e dos métodos de pesquisa. O trabalho também proporcionou a prospecção de novas demandas de pesquisa, tais como, papel ecológico das espécies, desenhos mais racionais e tecnologias de manejo.
Lucimar Abreu, pesquisadora, abordou a adaptação e desenvolvimento de metodologia de natureza compreensiva de abordagem dupla: das ciências humanas e agroambiental no capítulo “Desenvolvimento de metodologias de interação das ciências sociais e agroambientais”.
Foram analisadas as trajetórias de transição de produtores de base ecológica de Ibiúna, SP, com a identificação e caracterização de indicadores sociais de sustentabilidade. A pesquisa mostrou a pertinência da metodologia para a reconstrução das trajetórias de transição de agricultores familiares, associando a dimensão das relações sociais e econômicas (sociológica) com a produção de alimentos (agronômica). Essa abordagem dupla dos processos de transição possibilitou identificar um conjunto de indicadores sociais de sustentabilidade e gerou conhecimentos qualitativos sobre a dinâmica de funcionamento dos processos de transição agroecológica em curso, numa microbacia.
O capítulo “Construção do conhecimento e de tecnologias agroecológicas com os agricultores familiares do Pontal do Paranapanema, SP”, elaborado pelo pesquisador Mário Urchei, descreve sobre os objetivos e resultados alcançados na ação de construção, em conjunto com os agricultores familiares do Pontal do Paranapanema, de conhecimentos, metodologias e tecnologias adaptadas à realidade sociocultural desse território, com a finalidade de viabilizar e estruturar sistemas agrícolas mais integrados e biodiversos voltados à transição agroecológica.
Foram implantadas onze unidades de referência em cinco municípios visando construir e socializar o desenvolvimento de ações para viabilizar a diversificação dos sistemas de produção dos agricultores familiares da região numa perspectiva agroecológica. Além disso, iniciou-se o desenvolvimento de um trabalho de recuperação, organização e sistematização das informações socioeconômicas e agrícolas do Pontal como subsídio ao planejamento territorial sustentável.
Apesar das dificuldades encontradas pelos agricultores, decorrentes de um histórico e de uma realidade extremamente desfavoráveis, as ações empreendidas até o momento têm possibilitado criar uma sinergia entre os diferentes atores no sentido de desenvolver e trabalhar experiências mais integradas, num diálogo e numa construção contínua de processos, princípios e tecnologias objetivando à transição agroecológica, fortalecendo a autonomia e contribuindo com o empoderamento dos agricultores.
No capítulo escrito pelo pesquisador Ricardo de Camargo foram abordados os processos de instalação de unidades de referência em sistemas agroflorestais e recuperação de áreas degradadas em Franca, SP e região. Ações estas que estão sendo desenvolvidas pela execução de projeto coordenado pelo pesquisador na região de Franca que a partir da construção do conhecimento agroecológico pretende contribuir com a sustentabilidade do meio rural do município de Franca e de seu entorno.
As escolhas dos desenhos de implantação das unidades de referência, assim como os respectivos “carros-chefes” dos sistemas agroflorestais implantados levaram em consideração os desejos dos agricultores e as características locais de produção.
A atividade permitiu a disseminação e aplicação dos conceitos da Agroecologia e de sistemas agroflorestais em regiões sem tradição em práticas agrícolas de base ecológica, tendo como resultados a redução da dependência da aquisição de insumos químicos nos cultivos, a melhoria da autoestima dos produtores envolvidos pela consideração dos saberes tradicionais e pelas práticas de pesquisa participativa, e o fortalecimento das relações entre agricultores e técnicos pela troca de saberes e experiências. Observou-se a disseminação de novas tecnologias e atividades, com ampliação das possibilidades de cultivos e de criações de pequenos animais (abelhas), o que além de gerar novas oportunidades de mercado e inserção em nichos específicos antes inexplorados (mercado de orgânicos e compras governamentais), proporcionou melhoria nos aspectos nutricionais dos produtores envolvidos, pela disponibilidade de novos produtos (mel, pólen) e pela melhor qualidade dos alimentos, agora, isentos de agrotóxicos. Observou-se ainda melhoria da interação e sinergia entre os órgãos municipais ligados a questão agrária e rural da região de Franca.
Para acessar o livro, clique aqui.
http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=27695&secao=Agrotemas

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