O Centro de Estudos da ENSP de 24 de outubro trouxe, da Espanha, Joan Martínez Alier, especialista em Ecologia Política e Economia Ecológica da Universidade Autônoma de Barcelona. Em sua exposição, Alier explicou a diferença entre os conceitos de ecologia política e economia ecológica e apresentou um panorama da situação dos conflitos ambientais pelo mundo. Além disso, abordou o projeto internacional Environmental Justice Organizations, Liability and Trade (Ejolt), que analisa conflitos ambientais relacionados ao comércio internacional e apoia organizações de justiça ambiental. A ENSP/Fiocruz também faz parte do Ejolt.
Joan Alier explicou, no início de sua exposição, que a economia ecológica é um campo de estudos transdisciplinar que busca captar a relação entre a economia com os processos ecológicos e sociais, como metabolismo social e perfil metabólico, inter-relacionando os fluxos econômicos com os de materiais e energia, e produzindo indicadores e índices de (in)sustentabilidade. A ecologia política, por sua vez, aborda as questões ecológicas e os conflitos socioambientais a partir de dinâmicas econômicas e de poder que caracterizam as sociedades modernas.
Em seguida, o expositor abordou o ‘ecologismo dos pobres e indígenas’, expressão relacionada ao movimento por justiça ambiental e contra o racismo ambiental, em defesa dos povos indígenas e tradicionais contra os grandes projetos e das comunidades urbanas contra possíveis especulações imobiliárias. No Brasil, exemplos citados por Alier incluem barragens e represas de rios, extrativismo mineral e conflitos de terra para expansão do plantio de soja. Os mesmos tipos de conflitos, acrescetou, ocorrem em países como México e Colômbia.
Alier apresentou, em seguida, o Ejolt. Composto por diversas instituições pelo mundo, o projeto atua por meio da análise e enfrentamento de conflitos ambientais ou em casos de injustiça ambiental. A ENSP/Fiocruz faz parte do Ejolt, por meio do trabalho do pesquisador do Cesteh/ENSP Marcelo Firpo. O referencial teórico do Ejolt é o da ecologia política, que analisa criticamente os efeitos de um comércio internacional injusto e insustentável em tempos de globalização econômica. O pesquisador explicou que são cada vez maiores os conflitos ambientais pelo mundo por conta do que ele chamou de metabolismo social. “Países como a China, a Índia ou os Estados Unidos são grandes importadores líquidos de energia e materiais. Tais importações para os países ricos necessariamente precisam ser mais ou menos baratas para que o seu metabolismo social funcione de forma adequada. O custo energético para se obter energia no mundo está crescendo e afetando, cada vez mais, a economia mundial. Esse é um problema que deve ser trabalhado por meio da economia ecológica”, explicou.
O expositor ressaltou ainda a importância do Mapa de Conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil, desenvolvido a partir de uma parceria entre a ENSP/Fiocruz e a ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), que permite o monitoramento de ações e projetos que enfrentem situações de injustiças ambientais relacionadas à saúde em diferentes territórios e populações das cidades, campos, florestas e zonas costeiras. E afirmou: “Os movimentos de justiça ambiental são a maior força para uma economia mais sustentável”.
http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/31250
Enviado por Tania Pacheco - http://racismoambiental.net.br/2012/10/justica-ambiental-une-ativismo-e-economia-ecologica/
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