terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sete anos sem Dorothy e Anapu ainda sofre


Dorothy Stang era missionária e foi assassinada com seis tiros (Foto: Reprodução/internet)
O domingo passado, 12 de fevereiro, marcou os sete anos do assassinato da missionária Dorothy Stang, em Anapu. Dos cinco envolvidos no assassinato, um está foragido e quatro estão presos, sendo apenas um em regime fechado. Em Anapu, o único posto do Incra está fechado, o que, segundo os assentados, atrapalha o andamento dos processos que visam dar continuidade ao sonho de Dorothy: explorar a terra respeitando a floresta.
Na época em que foi assassinada, Dorothy dirigia um projeto de agricultura sustentável familiar no PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, e havia pedido ao Incra a regularização das terras para que a violência não se multiplicasse, devido ao interesse de grileiros e latifundiários na área visando a agropecuária e, principalmente a extração de madeira.
Na manhã desta segunda-feira (13), uma reportagem do jornal “A Folha de São Paulo” menciona o já conhecido assunto da falta de segurança no assentamento. Desta vez, segundo a reportagem, as lideranças reclamam da falta que faz o posto do Incra no município. Segundo os assentados, o seu fechamento atrasa e impede as atividades de créditos, vistorias e fiscalizações solicitadas.
A reportagem da Folha afirma que o Incra disponibiliza dois funcionários da prefeitura no local para prestar informações, o que os assentados negam. A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria do órgão em Santarém, mas não obteve sucesso.
Anapu hoje
A violência no local não diminuiu com a morte de Dorothy. Segundo Virgínia Moraes, representante do Comitê Dorothy, criado para garantir a luta por justiça e dar continuidade à causa da irmã, explica que o caso chamou a atenção para a violência no campo, mas afirma que apesar da queda no número de assassinatos, a situação não está melhor, e nem próxima da solução.
Apesar do sucesso econômico e social do PDS, que hoje é um grande produtor sustentável de cacau, o assentamento ainda é ameaçado constantemente pelos interessados em extrair madeira ilegal da área.
Em janeiro do ano passado, os assentados foram obrigados a fazer cerca de seis meses de vigilância diária e ininterrupta por conta própria para evitar que madeireiros extraíssem madeira ilegal da região. Na altura, o Incra prometeu a construção de uma guarita do órgão que deveria controlar a entrada da área para evitar o contrabando. Mesmo com a obra concluída, uma segunda entrada do PDS continua vulnerável, e os assentados ainda se sentem intimidados.
Em setembro de 2011 os próprios funcionários do Incra se sentiram ameaçadosdenunciando que fazendeiros e madeireiros estariam ameaçando os responsáveis por fazer a revisão dos lotes de reforma agrária da região,  que são ocupados por famílias que tinham ligação com a irmã Dorothy. O procurador da República em Altamira, Cláudio Terre do Amaral chegou a pedir o deslocamento de agentes da Polícia Federal à área.
Relembre o caso
Dorothy Stang era missionária católica e liderava o PDS Esperança na região quando, aos 73 anos, foi assassinada com seis tiros em uma estrada de terra.
Rayfran das Neves foi o autor dos disparos. Condenado a 27 anos, ele está preso na Região Metropolitana de Belém, em regime semi-aberto desde 2010. Clodoaldo Batista foi co-autor do crime e, condenado a 17 anos de prisão, está foragido desde 2011 quando conseguiu regime aberto.
Os mandantes, condenados a 30 anos, foram Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida. O primeiro foi preso no ano passado e cumpre pena em regime fechado em Altamira, o segundo conseguiu ir para o regime semi-aberto em outubro de 2011 e está preso na região Metropolitana de Belém. Amair da Cunha foi o intermediário do crime, condenado a 18 anos, cumpre prisão domiciliar também em Belém.
>> Leia mais:
(Marina Chiari/ DOL, com informações da Folha de São Paulo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário