por Conceição Lemes
Desde 22 de janeiro, um dolorido lamento ecoa por todos os abrigos onde estão as quase 2 mil famílias expulsas violentamente do Pinheirinho por policiais da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM): “mataram o meu cachorro” .
A ativista Carmen Sampaio já perdeu a conta de quantas vezes já ouviu crianças fazerem o mesmo relato. Durante a desocupação, PMs mataram animais domésticos à bala. Ela ficou mais próxima de Pablo, 4 anos de idade, que viu o seu cãozinho ser assassinado pela PM. Hoje, Carmen me “apresentou” ao seu amigo.
“O Pablo é um menino inteligente, muito bem cuidado pelos pais”, conta-me. “Ele continua brincando, só que, de repente, diz ‘mataram o meu cachorro’. Às vezes está comendo ou conversando com alguém, para e sem ter por que repete ‘mataram o meu cachorro’. ”
Nem agora, após terem tido as casas e os pertences destruídos por ordem do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), e da juíza Márcia Loureiro, os ex-moradores do Pinheirinho são deixados em paz.
A Prefeitura de São José dos Campos e o governo do Estado de São Paulo continuam agindo, agora para expulsá-los dos abrigos. Clima de terror reina. PMs andam armados pelos espaços, espalhando pavor e medo nos despejados em geral, especialmente nas crianças.
Apesar de muitas terem tido os seus animais de estimação mortos por PMs, os pais têm medo de falar, pois a intimidação é escancarada. Mas o pai de Pablo deu autorização para Carmen gravar este depoimento. Assista-o, por favor.
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