domingo, 21 de julho de 2013

Monocultivos de soja – pressão constante sobre a floresta no Baixo Amazonas




Queimada para se livrar da matéria orgânica do desmatamento

A ampliação de monocultivos de soja em Santarém e Belterra é visível e aterradora. Nos ramais que cortam a BR 163 espalham-se grandes extensões de novas terras desmatadas com plantios de grãos transgênicos para exportação com uso intensivo de insumos químicos e agrotóxicos.

 As poucas grandes árvores poupadas testemunham que ali existia uma floresta.



As estatísticas da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a ampliação da área plantada e quantidade produzida de soja no Pará, concentrada no Sudeste Paraense e no BaixoAmazonas.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 

A soja começou a se ampliar no Pará pelo BaixoAmazonas, a partir de 2002, com os municípios de Santarém e Belterra. Depois se ampliou para o Sudeste Paraense suplantando o BaixoAmazonas a partir de 2005.A partir de 2008, Ulianópolis passa a ser o principal produtor paraense, seguido por Santarém, Santana do Araguaia, Paragominas, Dom Eliseu e Belterra. No ultimoregistro de 2011 foram quase 30 mil hectares de área de soja no BaixoAmazonas e no Pará chegou a mais de 106 mil hectares para quase 300 mil toneladas. Umprocesso "em miniatura", semelhante ao que acontece no Mato Grosso: destruição do meio ambiente, êxodo rural e pouca riqueza pra região.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 
  
Paragominas tem a maior área plantada com soja no Pará
Discretamente a soja se expandiu no município de Paragominas, que recebeu o titulo de “município verde”. Em área plantada, Paragominas desponta e se diferencia dos demais municípios atingindo quase 40 mil hectares com o grão em 2011.
                   
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal 

A floresta está cada vez mais no horizonte....

Muitas áreas desertas, sem casas, 
sem gente, sem bicho, sem mato....

Agricultores familiares e moradores da beira da BR 163, vizinhos dos monocultivos, reclamam do agrotóxico e associam o veneno usado na soja, ao aumento de insetos, queda na produtividade da lavoura, alergias. Mas as pessoas tem medo. Na região já ocorreram muitos conflitos, ameaças e agressões contra ambientalistas e lideranças sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais que criticam e denunciam a expansão destruidora das monoculturas de grãos na região.

Porto da Cargill e BR 163 - infraestrutura para o agronegócio

Para qualquer visitante fica claro que os principais investimentos produtivos na região de Santarém e BR 163 estão ligados a produção de monocultivos de grãos. Pela Rodovia BR 163 percorrem principalmente caminhões de grãos vindos do Mato Grosso para o Porto da multinacional Cargill.
A presença deste porto graneleiro da Cargill em Santarém, instalado ilegalmente em 2003, sem estudos de impacto ambiental e sem debater com a sociedade, com apoio dos governos e políticos locais, regionais e nacionais, da esquerda pra direita, representa o poder do agronegócio exportador cujo modelo concentrador, agroquímico poluente e empobrecedor da fauna, flora, numa das regiões ainda mais ricas do Pará, nunca foi contestado com firmeza. Pelo contrário, foram os governos que permitiram a instalação da multinacional de forma irregular. Apesar das diversas manifestações e denúncias dos movimentos sociais da região, de trabalhadores e trabalhadoras rurais, pescadores/as, organizações de mulheres, ambientalistas, religiosos, cientistas, a sociedade não foi ouvida.
Atualmente, apesar da queda do preço do milho e da soja, o Porto está utilizando o máximo de sua capacidade, tem soja e milho pra todo lado vindos do Mato Grosso e dos campos vazios de Santarém e Belterra. E já se discute em escoar os grãos por outras paragens....Não é novidade aqui na Amazônia o que a multinacional Cargill vai deixar pros Santarenos, solo arrasado, poluído por agrotóxicos, grãos transgênicos contaminando a produção de sementes crioulas, a insegurança alimentar com a expulsão de agricultores familiares, destruição de quintais diversificados.....

Enquanto isso, nas vilas agrícolas, projetos de assentamento, de comunidades da agricultura familiar, dificuldades de transporte, com ramais e pontes intrafegáveis, é paisagem constante.


Mas os/as agroextrativistas resistem bravamente...
Com sua forma saudável e diversificada de produzir...apesar das dificuldades...
Reflorestamento e fruticultura

Coleta da laranja 

Criação de abelha sem ferrão
Aumento da produtividade das frutíferas




E mais um dia nasce na Pérola do Tapajós...



Fotos e texto: Vânia Carvalho

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